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MoUA, COSTA CULTURAL DE PIREU

O Edifício, um Farol para a Cultura.

Ao analisar cuidadosamente o local de intervenção, percebemos que, devido à sua escala, localização e verticalidade, o edifício do antigo armazém de cereais apresentava-se como a principal referência geográfica nesta área do porto de Pireu. A sua torre e o traçado longitudinal ao longo do eixo da península, que constitui o núcleo da área de intervenção, fazem dele uma porta de entrada destacada no porto, um marco acolhedor para os passageiros que chegam a Atenas em cruzeiros pelo Mediterrâneo. O ponto de partida do projecto surge dessa ideia de acolhimento, o elemento que define a chegada, a luz que guia e indica que a terra está próxima, um farol metafórico que remete aos grandes faróis da Antiguidade, que inspiraram alguns dos mais belos mitos mediterrânicos. O Museu de Antiguidades Subaquáticas, doravante MoUA, revitaliza o antigo silo ao transformá-lo num farol para a cultura. Os grãos de cereais são substituídos por preciosos tesouros subaquáticos e a massa compacta de betão torna-se um farol luminoso que anuncia a chegada ao berço da civilização ocidental.

 

A Península, Memória de um Passado Industrial.

Ao observar imagens de satélite do tecido urbano circundante, verificámos que a grelha ortogonal de Pireu e Drapetsona parece escoar-se em direção à península do porto. A geometria cartesiana das ruas e quarteirões transforma-se gradualmente num padrão mais orgânico ao encontrar a avenida que separa a cidade do porto, Akti Ietionia. Aproximando-nos do local de intervenção, notámos que este padrão orgânico é reforçado por micro-linhas sutis gravadas no pavimento pelos movimentos dos camiões, pela orientação dos contentores e pelos telhados dos armazéns que serão remodelados.

Desta matriz industrial, gravada no local há mais de um século, surge o nosso plano urbanístico. As marcas deixadas pelas rodas dos camiões transformam-se em caminhos pedonais, cursos de água e campos de flores. A avenida que divide a península converte-se numa grande área de circulação que serve as novas instalações. Os contentores são reinterpretados como cafés, esplanadas, bares e lojas. Os antigos parques de estacionamento assumem contornos de praças e largos, enquanto a ampla área verde definida pelo Parque Drapetsona e pelo sítio arqueológico integra-se em novos decks, ecoando a disposição ortogonal da cidade envolvente. Surge um novo parque, juntamente com jardins mais pequenos, praças e grandes espaços de reunião que convidam os cidadãos a experienciar a cultura, respeitando sempre a memória industrial do local moldada pelo tempo.

 

Prémios:

2013, Primeira Menção Honrosa (Concurso).

 

Publicações:
2013, ANOMERITIS, Yiorgos; ARACHOVITIS, Giorgos, Silo Museum for Underwater Antiquities, Historical Archive OLM, Pireu, Grécia.

 

Fotografia 3D: Pedro Fernandes | Vítor Leal Barros

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