Conversas de Velhos
- Vítor Leal Barros

- 4 de set.
- 1 min de leitura
Atualizado: 16 de set.
Não sabemos nada de nós próprios. Falamos sempre sobre os nossos desejos, e tentamos esconder-nos desesperada e inconscientemente. A vida torna-se quase interessante, quando já aprendeste as mentiras das pessoas, e começas a desfrutar e a notar que dizem sempre uma coisa diferente daquilo que pensam e querem realmente... Sim, um dia chega o reconhecimento da verdade: e isso significa a velhice e a morte.
Sándor Márai, 'As velas ardem até ao fim', editora Dom Quixote
Como uma conversa de velhos pode ser tão interessante! A acção resume-se quase exclusivamente a um jantar em que dois amigos, ou antigos amigos, se encontram após muitos anos de separação e resolvem dissecar alguns temas do passado. O jantar é mais um monólogo do que propriamente um diálogo, mas é tão incrivelmente inteligente e universal, tão atento à condição humana!
Este foi um daqueles livros que me marcou recentemente e ainda bem, pois há muito ansiava uma história que realmente incentivasse à leitura e me provocasse aquele frio no estômago. Noutro dia, alguém da área da filosofia disse-me... 'não tenho lido muita literatura ultimamente, prefiro ensaio ou então qualquer coisa que esteja relacionada com o que estou a estudar no momento'... como eu o compreendo! A partir de certa altura torna-se difícil encontrar ficção que realmente nos capte a atenção e seja capaz de transportar-nos para além do trivial quotidiano. 'As velas ardem até ao fim' de Sándor Márai é puro deleite para o pensamento.

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